Relato 06: Corpo Fechado

Relato de Túlio Cerquize

Jogadores: Tulio Cerquize (Daeru), João Pepino (Madrugada) e Gustavo Páscoa (Seu Juca).

Imagem gerada em IA por Túlio Cerquize.

A aventura descrita neste relato fez parte da campanha aberta de South Borg.



"Mais um dia passando fome. As dádivas que me foram emprestadas pelo Velho do Mato também são um teste. Eu preciso prover para meu povo prosperar, e assim preservar Vila Esperança. Saio com Seu Juca, um náufrago veterano, e Madrugada, uma menina que tentou tirar minha sorte rogando pragas contra mim. Decidimos sair para caçar. Rumamos até a trilha antes do sol nascer, para aproveitarmos as trilhas de animais noturnos voltando para a toca, como porcos do mato suculentos... Aí, quem me dera. O gelado da madrugada também nos ajuda a ter certa vantagem contra os répteis, peçonhentos e de sangue frio. No descampado já vimos cachorros selvagens buscando uma presa fácil. Se não fossem uns dez talvez a gente tentasse algo, mas era arriscado demais. Nos afastamos da matilha em busca de outra oportunidade.


Já na mística trilha, presente do Velho, nos deparamos novamente com a parede de teias que as aranhas-camaleão insistem em fazer. As malditas sabem que o local começou a ficar movimentado e ficam ali, só esperando um desavisado se enrolar na viscosa trama. Eu sugiro que vocês levem algo para incendiar e taquem fogo nas desgraçadas. Assadas elas tem gosto de caranguejo. Tentamos de toda forma passar por ali, usando minha corda e um graveto para pescar algumas das criaturas, mas no fim uma ninhada começou a perseguir meus dois companheiros. Usei meu dom angelical para abrir um buraco e atravessar, chamando os dois para perto, porém, novatos sempre serão novatos, e decidiram se afastar da voz da experiência. Recursos, meus amigos. Recursos. É necessário agir com inteligência, pois esta é a maior moeda desta terrível selva. Voei atrás das criaturas, perseguindo-as para tentar ajudar os desesperados. 

Finalmente nos reunimos no grande lago. Vimos as pegadas da criatura que nos falaram. Precisamos juntar os melhores para combate-la. Lá, decidimos seguir pelo mato, beirando o barranco até o outro lado da teia. Estava tudo perdido, o dia de caça já era. Tínhamos poucas aranhas para encher o bucho. Como última saída, mencionei a Seu Juca a árvore da morte, e não me arrependo. Amarrei o pobre velhote em minha corda e ele foi tentar a sorte desenterrando alguma mochila atolada na lama cheia de cadáveres. Não deu. O velho teve seu fim ali mesmo, com galhos e raízes o puxando para junto de tantos outros desafortunados. Madrugada havia me amaldiçoado, mas a pequena não acreditou que eu tenho corpo fechado. Foi culpa dela Seu Juca ter morrido, eu sei disso. Nunca rogue praga contra Daeru."

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