Duas mulas, azar nos dados e um quase TPK

Quero dividir com vocês um inusitado acontecimento da minha campanha sandbox Península da Prata, que mestro presencialmente no sistema Lamentations of the Flame Princess. Os personagens, ainda no nível um, haviam tido uma seção pesada, mas monetariamente gratificante. Escoltaram os líderes dos caçadores locais para uma conversa e negociação com uma bruxa (ou espírito da floresta) que está atormentando a vida dos pobres caçadores com seus asquerosos goblins. A negociação foi boa, o combate foi evitado e os personagens retornavam para a cidade quando um encontro aleatório mudou completamente o rumo da partida.

Miniaturas de mulas do Wizkids
Fonte: https://www.miniaturemarket.com/wzk73552.html


Quiseram os dados que os personagens fossem emboscados por bandidos - que na trama tem relação com o conflito que ocorre na floresta, mas não é o caso de esmiuçar aqui. E agora se inicia uma sequência de arbitragens e ações dos personagens que terminaram de forma trágica: 

  • Número de bandidos: 1d6 (resultado 5)

  • Teste de reação: Indiferente. Na minha leitura, bandidos com reação indiferente seguirão com seu assalto dando preferência ao não uso da violência, principalmente nesse caso, em que eles tinham duas mulas de carga indicando que havia algo para ser roubado e os bandidos estavam com leve vantagem numérica.

  • Percepção: Sem rolagem. Os personagens descreveram que estavam atentos à estrada. Normalmente evito rolar percepção e arbitro de forma favorável aos personagens em jogos old school.

  • Iniciativa: Os personagens ganharam a iniciativa de grupo e tomaram uma sábia decisão: fugir. Eles anunciaram a intenção de montar as mulas de carga no intuito de cavalgar em fuga. E aí começou a tragédia…


Propus a seguinte arbitragem aos jogadores: 


“Mulas de carga não são cavalos treinados e são famosas por empacarem. Considero que existe 1 chance em 4 da mula não colaborar e vocês ficarem em cima da mula, mas elas ficarem empacadas no mesmo lugar. Ok?” 


Os jogadores acharam a arbitragem correta e concordaram. E assim rolaram 1d4 para cada mula. Resultados: 1 e 1. As duas mulas empacaram, os bandidos atiraram suas lanças e se aproximaram com suas espadas. Um terrível combate tomou conta da estrada. Alguns bandidos caíram, o anão do grupo foi degolado com um golpe de espada e o pobre halfling caiu inconsciente (ninguém sabe ainda qual o seu destino). O esperto especialista (classe de Lotfp similar ao ladrão) encontrou uma brecha e escapou, a pé, da fúria dos bandidos.


Uma bela seção com um semi TPK por culpa de duas mulas teimosas, muito azar nos dados e, como em todo bom old school, pelas decisões dos jogadores.


Participam da campanha Península da Prata

Juliana da Torre do Dragão (jogando com o Halfling Gringer)

Henrique da Torre do Dragão (jogando com a especialista Maddie)

Lucas do Balde Galático (jogando com Järn, o anão que faleceu)
Túlio Cerquize (estava ausente dessa sessão por motivo de férias)


Para conhecer Lamentations of the Flame Princess




Comentários

  1. O que eu curti foi que sua arbitragem foi coerente e partiu a partiendanagência dos jogadores.

    Eu mestrando também tendo a arbitrar a favor dos jogadores. E informo consequências de sucesso ou falha das seus procedimentos de modo que toda decisão deles seja bem informada.

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    1. Sim. A ideia é fazer uma série de relatos de momentos em que a arbitragem foi importante na mesa. Ver os efeitos do "Ruling, not rules" na prática. Inclusive quando as decisões, de repente, podem não ser as melhores.
      Nesse caso a decisão sobre as mulas poderia passar desapercebida, mas os dados decidiram castigar os personagens.

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