Relato 12: Quando os caçadores viram caça (South Borg)
Dia promissor! Amanheceu sem chuva, embora nuvens sugerissem uma tempestade para o período da tarde. Algum vidente avaliando esse tempo teria facilmente previsto a sorte do grupo para aquele dia. O maior grupo de aventureiros que a Vila Esperança já viu se reuniu com um propósito claro: caçar o peixe-bolha gigante do lago à direita da trilha mística para, com ele, garantir alguns dias de alimento à Vila. A maior parte do grupo possuía experiência suficiente para deixar toda a Vila otimista. Alguns notórios caçadores, como Belisário, Laura, Jorge e Lero, outros bons de briga como eu - Iri, Ivanov e Crib e ainda o famoso bruxão Daeru. Partimos ainda escuro e nosso único desvio a caminho do lago foi para buscar seivas que pudessem ser usadas para tampar nossos ouvidos antes da pescaria, uma vez que os sobreviventes dos encontros anteriores com o monstro relatam ainda escutarem o seu grito ensurdecedor em suas almas. Nesse pequeno desvio, começamos a ouvir ao longe alguns latidos bem graves do que aparentava ser um único cachorro que, dado o nosso foco na missão, resolvemos ignorar. De volta à trilha e munidos da seiva, seguimos ignorando os latidos que se aproximavam a cada instante. Após nos determos brevemente na subida de um barranco, o cachorro enfim se aproximou o suficiente para que Ivanov fosse o primeiro a dedicar-lhe alguma atenção, numa vã tentativa de domesticá-lo, tendo sido também o primeiro a ser atingido por um tiro envenenado de seu dono, um caçador desmorto sobre o qual já se ouvira falar nas rodas de conversa na Vila. Enquanto Laura, Lero e Jorge correm para tentar ajudar Ivanov, Daeru derruba o cachorro, também desmorto, do barranco e os demais partem na direção indicada por Ivanov como de origem do tiro. Enquanto nos aproximamos, Crib também é alvejado pelo inimigo oculto e recua. Mais próximos, conseguimos ouvir que o desmorto repetidamente nos chama de "Ladrões de Esmeralda", facilitando que o encontrássemos e permitindo a Belisário um ponto de mira, o qual infelizmente erra em meio à mata densa. Iri enfim alcança o caçador e acerta um forte ataque com sua lança de pata de caranguejo, claramente o surpreendendo e assustando. O caçador tenta fugir, tomando outro ataque em cheio antes de conseguir se desvencilhar e correr para longe. Enquanto ele se afastava, a lança de Iri mais uma vez pinçou aquela carne apodrecida, mas não o suficiente para derrubá-lo. O grupo socorre Crib e decide retornar para a Vila antes da tempestade, sem qualquer caça ou carga de valor, apenas pamonhas de seiva que, com sorte, ainda serão utilizáveis numa futura nova tentativa de caça ao peixe-bolha. Ao entrarem pelos portões da Vila de mãos vazias, entre muitos murmúrios, de deboches a lamentações, um resumiu bem aquele dia que amanhecera promissor: "Sabia, só fulerage" - Dona Cromilda.
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